24 de julho de 2023
No momento em que os posicionamentos políticos ficam cada vez mais acirrados em todo o mundo, como dialogar a fim de promover a liberdade e a diminuição das desigualdades? Como avançar diante de barreiras, intolerâncias e interesses que, muitas vezes, se sobrepõem ao bem comum? Os desafios que se impõem aos líderes mundiais foram experimentados pelos alunos do 1º e 2º anos do Ensino Médio que participaram da SIMA – Simulação Internacional do Madre Alix, realizado no dia 20 de março. Trata-se de um projeto de debate internacional que simula uma assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) por meio da discussão regulamentada a partir de critérios acadêmicos. Neste ano, o tema foi a violência baseada no gênero. Ao longo do debate, os alunos apresentaram pontos contrários e a favor do tratado, defendendo os interesses de seus países e levando em conta o relacionamento com nações parceiras ou inimigas. Questões como o direito ao aborto, a punição contra assédio sexual e a desigualdade salarial entre homens e mulheres foram levantadas. Se por um lado os alunos sustentaram a posição de nações que combatem os problemas, por outro apresentaram as razões pelas quais outras os tratam como algo que deve permanecer restrito ao ambiente familiar. Para Umberto Cavalheiro, professor de Geografia e mediador da Simulação, o evento mostra grande interesse dos alunos em discutir questões atuais. “Ficou evidente que eles pesquisaram e se prepararam para defender seus interesses”, diz. “Apesar desta edição ter sido on-line devido às restrições do momento, não perdemos no interesse nem na qualidade dos argumentos apresentados”, acrescenta. Maria Eduarda Carillo, do 1º ano, defendeu a Alemanha e conta que se preparou intensamente, mergulhando em notícias, dados estatísticos e outras informações sobre o país. Para ela, um dos maiores desafios da SIMA é sintetizar ideias complexas em poucos segundos, especialmente ao rebater comentários. “Fomos na cara e na coragem, sem ensaio nem nada. Como eu penso em estudar Direito, gostei da experiência de opinar e lutar pelo que acredito.” Camila Fiaranelli, do 2º ano, representou a França, e conta que se surpreendeu com alguns posicionamentos do país. “Admiro e me identifico com a liberdade dos franceses e muitos aspectos culturais. Porém, nos temas ligados à questão de gênero, não são tão avançados quanto eu supunha para um país de Primeiro Mundo”, conta. “Participar da SIMA foi como assumir um personagem e absorver sua identidade, tudo com tempo cronometrado e discurso afiado. Uma ansiedade grande, mas muito boa!” E o que falar da ansiedade de quem defendeu os Estados Unidos? O país mais visado do mundo foi representado por Felipe Souza da Silva, do 2º ano, que afirma que o SIMA exige que os alunos ouçam, respeitem opiniões alheias e acordos com aliados – algo que destoa do que o mundo viu do Governo americano nos últimos anos. “Claro que agora, no Governo Biden, o país tem uma nova visão em relação às mulheres e às questões que envolvem gênero”, pensa. “Fiquei sabendo que existem organizações que defendem os direitos da mulher, inclusive as imigrantes, mas ainda precisam avançar em alguns pontos. Acredito que o Governo atual terá muitas conquistas nessa área”, diz. Realizado no Colégio desde 2010, a SIMA propõe que os alunos representem nações e defendam seus posicionamentos diante da comunidade internacional, muitas vezes indo contra princípios e convicções pessoais. Ao longo da preparação, eles aprendem a fundamentar ideias, trabalhar em equipe e se posicionar diante do que ocorre ao seu redor. Esse aprendizado foi, inclusive, destacado na mensagem enviada pelo ex-aluno Arthur Martins Henry, que participou de duas edições da Simulação. Segundo ele, que hoje está no terceiro semestre de Direito, o evento o ajudou a exercitar a desenvoltura e outras habilidades úteis no universo jurídico. “É um grande projeto e, o mais importante, é todo feito pelos alunos. Aproveitem a oportunidade valiosa que estão tendo. Para ‘SIMA’, rapaziada!”, vibrou.